Capital continua em estado de alerta

Sipam descarta enchente nas mesmas proporções da que ocorreu em 2014.

Porto Velho continua em estado de alerta desde o dia 19 de janeiro, quando o rio Madeira atingiu a cota de 14,55 metros. Atualmente as águas estão com nível de 15,46 metros. De acordo com a Defesa Civil Municipal, os rios bolivianos interferem diretamente no aumento do nível do rio Madeira, principalmente os rios Madre de Dios e Beni. As fortes chuvas na Bolívia deram uma trégua nos três últimos dias, com isso o nível do Madeira diminuiu cerca de 40cm. “O nível do rio permanece mais alto que a cota de alerta e lá na Bolívia a situação realmente é preocupante. Porém, essa água vem sendo amortecida até chegar aqui. A principal diferença é que em janeiro de 2014 choveu acima 600 milímetros e agora em janeiro de 2018 não choveu nem a metade, então isso é uma situação confortante para nós”, justificou o coordenador da Defesa Civil municipal, Marcelo Santos. Dentre as 150 famílias monitoradas pela Defesa Civil Municipal, uma que reside no Ramal Maravilha, localizada na margem esquerda do rio Madeira, foi levada para um abrigo provisório no final da semana passada porque a água chegou próximo ao assoalho da residência.

No local moravam um casal e cinco crianças. Na manhã de ontem, a Defesa Civil Municipal, em parceria com a Secretaria Municipal de Saúde (Semusa), prestou assistência à família, visitou as comunidades de Boa Fé e a área do Maravilha e distribuiu vacinas. A oscilação do rio Madeira tem causado incertezas para os ribeirinhos, principalmente porque permanece acima da sua cota de alerta determinada pela Defesa Civil, que é de 14 metros.

Dona Tereza Bastos, 64, que trabalha no Porto Cai n’Água, uma das zonas mais devastadas pelo rio na última enchente de 2014, explica que desde os anos 90 possui o seu restaurante na localidade e que tem receio de uma nova enchente. Dona Tereza disse que já superou duas cheias históricas, a registrada no ano de 1997, quando o rio marcou o nível de 17,52 metros, e a última cheia histórica de 2014, quando o rio atingiu o volume máximo de 19,74 metros, deixando um rastro de destruição pela cidade. Ela lembra que em poucas horas a água chegou ao teto da sua cozinha. “A única coisa que sobrou foi o meu fogão, não deu tempo de tirar nada, a água chegou até o teto, perdi tudo da minha cozinha e demorou para conseguir recuperar. A Defesa Civil ainda não veio aqui, mesmo assim não tenho medo de outra enchente, já estou preparada desta vez. Se alagar aqui novamente, não volto mais”, disse. Já para o taxista fluvial Marcos Barros, a situação é bem diferente. Levando passageiros entre as duas margens do rio todos os dias, para ele é importante que o nível do rio permaneça elevado. “O rio cheio é o mais indicado para qualquer embarcação porque permite que a navegação não tenha problemas. Na época de seca do rio encontramos muita dificuldade. A Marinha barra a navegação das balsas na seca porque aumenta o número de bancos de areia e pedras. O nível desse jeito é uma vantagem para quem trabalha com navegação”, conta o taxista.

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O Sistema de Proteção da Amazônia (Sipam) descartou a possibilidade de uma cheia histórica com a mesma magnitude da que foi registrada em 2014. Cerca de 60% da bacia do rio Madeira está em território boliviano e, segundo o Sipam, a possibilidade de uma nova cheia não é descartada, mas que, tomando como base as análises meteorológicas, desde 2013 o sistema já observava chuvas acima da média em toda a bacia do rio Madeira, algo que este ano só foi observado a partir de dezembro de 2017. As águas estão acima da média, mas ainda continuam tendo menor proporção que as da última cheia de 2014.